Hípias de Élis

Biografia

Hípias, filho de Diopites, foi um filósofo sofista nascido na cidade de Élis por volta do século V a.C., sendo contemporâneo de Protágoras e Sócrates, e o mais novo dentre os sofistas. A maior parte do que se sabe sobre a vida e o pensamento de Hípias é graças a Platão que, em seus Diálogos, coloca-o como um interlocutor de Sócrates.

Não se sabe ao certo sobre como morreu, mas Tertuliano em Apologia, relata que teria acontecido após ele ter organizado uma conspiração contra o Estado de Élis.

Ele se considerava uma autoridade em diversas áreas do conhecimento: astronomia, história, gramática, poesia, política, música e matemática, um verdadeiro conhecimento enciclopédico. Viajou por diversas cidades da Grécia ensinando e dando palestras.

Em matemática, Hípias descobriu a curva conhecida como quadratriz. Ele teria sido o primeiro filósofo a desenvolver a ideia de uma lei natural, universal e em que todos os homens participam.

Obras

Nenhum dos seus escritos sobreviveram, mas há relatos antigos de que ele teria escrito:

  • Diálogo Troiano;
  • Uma Elegia: para um garoto de Messana que morreu afogado;
  • E uma lista dos vencedores das Olimpíadas;

Hípias e a mnemotécnica

Dentre seus diversos conhecimentos, Hípias também era bastante conhecido por ensinar a arte da memória (mnemotécnica). Porém, não temos relatos sobre os métodos e técnicas desenvolvidos por ele para esta arte.

Leis da natureza e leis positivas

O interesse do sofista Hípias de Élis estava voltado principalmente para à matemática e às ciências da natureza, pois acreditava que o conhecimento da natureza era o caminho para a boa conduta na vida.

Hípias dizia ser melhor seguir as leis da natureza do que as leis humanas.

Ele questionava com rigor a exigência de se cumprir as leis. Em Memoráveis, obra de Xenofonte, lemos o seguinte discurso de Hípias:

Como tomar as leis a sério, como acreditar ser necessário cumpri-las, se os próprios legisladores as infringem e modificam?

A natureza é responsável por unir os homens, enquanto a lei positiva os divide. Por isso, ele desvalorizava as leis que, de alguma forma, contrariavam a natureza.

Lei da natureza é universal

No Protágoras de Platão, há uma citação que ilustra bem o pensamento de Hípias acerca da lei, ele disse:

O semelhante é por natureza parente do semelhante, mas a lei, tirano dos homens, é muitas vezes contrária à natureza.

Com isso, temos uma divisão da lei em duas partes: a lei natural e a lei positiva, imposta pelo homem. A lei natural é eternamente válida e universal, a dos homens não.

Consequentemente, esta ideia de Hípias nega que as leis humanas são sagradas, elas não passam de leis puramente arbitrárias.

O ideal Cosmopolita

Disso, Hípias extrai algumas ideias interessantes. Por exemplo, ao afirmar que, baseado na lei da natureza, não se poderia criar leis que dividissem os cidadãos de uma cidade dos cidadãos de outra. Sabe-se que na Grécia antiga, havia certos preconceitos contra indivíduos de outros povos.

Hípias de Élis dá início, por assim dizer, ao ideal cosmopolita e igualitário, algo novo para os gregos.

Referências

GOMES, Pinharanda. Filosofia grega pré-socrática. 2ª edição. Lisboa: Guimarães Editores, 1980.

REALE, Giovanni. História da Filosofia Antiga. São Paulo, 2007.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

cinco × três =