Melisso de Samos

Melisso de Samos foi um filósofo pré-socrático considerado um dos mais importantes discípulos de Parmênides.

Junto a Zenão de Eléia, ele foi membro da Escola Eleática, conhecida por defender a unidade e imutabilidade do ser.

Biografia

Melisso, filho de Itágenes, nasceu na ilha grega de Samos por volta do ano 470 a.C. 

Embora haja poucos registros históricos sobre sua vida, sabe-se que ele foi um experiente marujo, político e militar. Ele comandou a esquadra de Samos, tendo liderado a vitória contra os atenienses em 440 a.C.

Melisso de Samos, retratado na Crônica de Nuremberg
Melisso de Samos, retratado na Crônica de Nuremberg, 1493, via Wikimedia Commons.

Obras

A principal obra de Melisso de Samos se chama Sobre a Natureza, também conhecida como Sobre o Ser.

Trata-se de um poema em prosa no qual ele defende principalmente a teoria de Parmênides sobre o ser. No entanto, apenas alguns fragmentos desta obra sobreviveram.

Sobre o ser

Melisso defendia que o ser é imóvel e Uno. Em um dos fragmentos de sua obra, ele afirma:

O ser sempre foi o que foi e sempre será, porque se tivesse sido gerado, antes de ser gerado não seria nada. Mas se nada era, nada poderia ser gerado a partir do nada.

Seria absurdo afirmar que o ser teve uma origem no tempo, por isso, é necessário afirmar que o ser é eterno e uno, sempre foi e sempre será, sem início ou fim.

A ilusão dos sentidos

A partir da tese da imutabilidade do ser, Melisso deduziu que os sentidos não são confiáveis, pois eles parecem nos mostrar que no mundo há mudanças. Por essa razão, os sentidos são ilusórios.

O ser é infinito

Melisso aprimorou e corrigiu alguns pontos da teoria parmenidiana sobre o ser.

Na teoria de Parmênides o ser é considerado finito e limitado. Contrariando seu mestre, Melisso afirmou que o ser é infinito, pois não tem limites espaciais ou temporais.

Além disso, o ser é Uno, pois se fossem dois ou mais não poderia ser infinito, pois um seria limitado pelo outro.

O ser uno e infinito é incorpóreo, mas não no sentido de ser imaterial, e sim no sentido de que não possui nenhuma forma que limite ou determine os corpos. Diz ele em um dos fragmentos:

Se o ser é, deve ser um. Se é um, não deve possuir corpo. Se tiver espessura, o ser teria partes e não seria mais uno.

Em resumo, Melisso defende que o ser é:

  • Eterno;
  • Uno;
  • Ilimitado;
  • Não gerado, sem início o fim, indestrutível;
  • Homogêneo
  • Imóvel: não sofre mudanças;

Sobre o vazio

Em sua obra, Melisso argumenta que o vazio não existe, uma vez que, conceitualmente, o vazio nada é, e o que nada é, não pode existir.

O vazio também não se move, pois não tem lugar para onde mover-se, pois é pleno.

Referências

BORNHEIM, Gerd A. (Org.) Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998.

KIRK, G.S., RAVEN, J.E. e SCHOFIELD, M. Os Filósofos Pré-Socráticos: história crítica e seleção de textos. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1983.

REALE, Giovanni; ANTISERI, Dário. História da Filosofia: Filosofia Pagã e Antiga. Vol. 1. São Paulo: Paulus, 2007.

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