Filolau de Crotona

Filolau de Crotona (c. 470 a.C. — c. 385 a.C.) foi um filósofo pré-socrático, contemporâneo de Sócrates, considerado um dos 3 mais importantes filósofos da Escola Pitagórica, comunidade filosófica e religiosa criada por Pitágoras.

Sua principal obra é intitulada Sobre a Natureza, onde se encontra a mais antiga descrição da doutrina pitagórica. Poucos fragmentos dessa obra sobreviveram, o que é bastante significativo, uma vez que os pitagóricos geralmente não escreviam nada sobre a doutrina do grande mestre Pitágoras, preferindo transmiti-la oralmente.

O ilimitado e limitado

Filolau buscou explicar racionalmente a estrutura do cosmos através dos conceitos de ilimitado e limitado. De acordo com sua teoria, o cosmos e tudo o que existe foi organizado com elementos ilimitados e limitados.

Filolau não descreveu em detalhes os conceitos de ilimitado e limitado. Alguns estudiosos acreditam que estes conceitos estariam relacionados a alguma uma forma geométrica.

Os números e o conhecimento humano

Filolau defendia que todas as coisas são feitas de números, e que o conhecimento humano depende deles.

As coisas tornam-se cognoscíveis quando os números se harmonizam na alma, por isso, não seria possível pensar ou conhecer coisa alguma sem os números. Diz ele:

A natureza do número nos possibilita o conhecimento, é nosso mestre e guia, em tudo o que é duvidoso e obscuro. Se não existisse o número, nenhuma das coisas poderiam ser conhecidas, nem em si mesmas, nem em suas relações com outras.

A força do número pode ser vista nas coisas demoníacas e divinas, nas ações, nas palavras humanas, na técnica e na música. No número não há qualquer falsidade, apenas verdade.

Além disso, o filósofo afirma que os números possuem 3 formas:

  1. par: representando o ilimitado;
  2. ímpar: o limitado
  3. par-ímpar: a harmonia entre par e ímpar

Cosmologia

Filolau defendia a existência de 5 elementos da esfera do mundo:

  • fogo;
  • água;
  • terra;
  • ar;
  • e o envolvedor da esfera;

Filolau acreditava que o fogo estava no centro, em segundo lugar a antiterra, e depois a Terra habitada, oposta àquela que gira com a antiterra.

Enquanto outros filósofos sustentavam que a Terra estava imóvel, Filolau acreditava que ela girava em torno do fogo em um movimento circular oblíquo, semelhante ao do Sol e da Lua. Por esse motivo, acredita-se que ele tenha desenvolvido uma teoria heliocêntrica, embora bastante rudimentar.

A concepção de homem

Filolau afirma que o homem é composto por 4 princípios:

  • Cérebro (cabeça): responsável pelo entendimento humano. Este princípio é próprio do homem.
  • Coração: princípio da alma e da sensibilidade, próprio dos animais.
  • Umbigo: princípio do enraizamento e do crescimento do embrião, próprio das plantas.
  • Órgãos geradores: responsável pela seminação e criação, princípio pertencente a todos.

Referências

BORNHEIM, Gerd A. (Org.) Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1998.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

catorze − nove =